Falta de médico em maternidade pública de Madureira deixa recém-nascido em UTI sem pediatra
06/09/2025
(Foto: Reprodução) Hospital Maternidade Herculano Pinheiro, em Madureira.
Reprodução/TV Globo
Funcionários do Hospital Maternidade Herculano Pinheiro, em Madureira, denunciam que a ausência de médicos pediatras em plantões está comprometendo a assistência a pacientes.
Um recém-nascido chegou a ficar internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) sem acompanhamento médico adequado.
Uma médica, que preferiu não se identificar, contou ao g1 que, na noite de terça-feira (2), uma gestante deu entrada na unidade para dar à luz seu oitavo filho. O bebê nasceu abaixo do peso, com problemas respiratórios e banhado em mecônio. Não havia pediatra de plantão.
A médica obstetra que realizou o parto precisou fazer o procedimento de aspiração no recém-nascido, que foi internado na UTI sob os cuidados apenas de enfermeiras.
Sem suporte especializado, ele acabou transferido para o Hospital Maternidade Alexander Fleming, onde permanece em estado grave.
Problema crônico
Segundo relatos de profissionais da maternidade, entre a noite de segunda-feira (1º) e a quarta-feira (3), não houve nenhum pediatra no hospital. Na quinta (4) e na sexta-feira (5), o plantão pediátrico foi mantido apenas no período diurno.
Além da ausência de pediatras, funcionários relatam que não há diretor técnico nem chefia médica nas áreas de pediatria e obstetrícia.
“Isso é um descaso, uma falta de respeito”, disse uma funcionária, sob condição de anonimato.
Segundo ela, em emergências como a da última semana, não há orientação da direção sobre como proceder.
O que diz a Secretaria de Saúde
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou, em nota, que a Empresa Pública de Saúde (RioSaude) está contratando 11 neonatologistas para zerar a vacância no Herculano Pinheiro.
A SMS disse, ainda, que, no meio tempo, a maternidade fará apenas partos de baixo risco e casos mais graves serão transferidos para outras unidades.
Sindicato critica
Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Alexandre Telles, a medida não resolve o problema.
"Todo parto tem que ter uma assistência de pediatra", disse Telles. Segundo ele a UTI também não pode funcionar sem médicos no local.
Segundo ele, a região de Madureira tem apresentado um quadro cada vez mais complexo, com índices de mortalidade materna superiores à média do município.
“A situação ali na Herculano Pinheiro é muito grave, do ponto de vista assistencial”, afirmou.
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*Estagiária sob supervisão de José Raphael Berrêdo
