Funcionária grávida que perdeu gêmeas em frigorífico era estrangeira e ganhava menos de R$ 2 mil em jornada de 10h

  • 28/06/2025
(Foto: Reprodução)
A decisão judicial reconheceu que a empresa negligenciou o estado de saúde da trabalhadora que, mesmo com oito meses de gestação, continuou sendo mantida na rotina de trabalho. Funcionária grávida que perdeu filhas gêmeas trabalhava em jornada de 10h Reprodução A trabalhadora que perdeu as filhas gêmeas após entrar em trabalho de parto no frigorífico que atuava e ter a saída negada pelo supervisor é venezuelana e recebia R$ 1.975,60. Conforme consta no processo que resultou na condenação da empresa, ela começava a jornada de trabalho às 3h30 e estendia até às 13h18, com uma hora de intervalo. A multinacional BRF, responsável pelo frigorífico em em Lucas do Rio Verde (MT), foi condenada, na segunda-feira (23), a pagar R$ 150 mil por danos morais à mulher. O g1 tentou contato com a BRF, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. A decisão judicial reconheceu que a empresa negligenciou o estado de saúde da funcionária, que, mesmo com oito meses de gestação, continuou sendo mantida em sua rotina de trabalho. De acordo com o processo, no dia em que perdeu os bebês, ela começou a passar mal por volta das 3h40, logo no início do expediente. Após isso, pediu ao gestor imediato que a liberasse, mas a saída foi negada sob a justificativa de que isso atrapalharia a linha de produção. Mais tarde, a funcionária decidiu sair da empresa por conta própria e sentou em um banco próximo ao ponto de ônibus, na entrada do frigorífico, na tentativa de conseguir transporte até uma unidade de saúde. Sem conseguir socorro a tempo, deu à luz no local. De acordo com os relatos médicos, as gêmeas chegaram a receber reanimação cardiorrespiratória por 30 minutos no hospital, mas não resistiram. Histórico de assédio a gestantes O mesmo supervisor citado na decisão que condenou a BRF já havia sido denunciado por outras duas funcionárias grávidas por assédio moral no ambiente de trabalho em outras ações movidas contra a empresa. Em 2019, uma funcionária entrou com ação na Justiça do Trabalho do Mato Grosso relatando que, após comunicar à empresa sobre sua gravidez e apresentar recomendação médica para redução de esforço físico, teve o pedido ignorado. No mesmo ano, outra colaboradora grávida entrou com um processo contra a empresa e contra o gestor, dizendo ter sido designada, após descobrir a gravidez, para tarefas mais pesadas, como pendurar frangos e realizar serviços de limpeza — funções que, segundo ela, não pertenciam ao seu setor de origem. 'Vou deixar você descansar, está suspensa' De acordo com a Justiça, uma das funcionárias entregou, à época, um laudo para alteração de função após sofrer complicações na gestação, mas o supervisor teria alegado que "na verdade, ela não queria trabalhar”. Em seguida, foi aplicada uma suspensão de meio período a ela. Ainda no processo, a mulher afirmou que foi humilhada pelo líder direto após reclamar dos problemas enfrentados na gravidez. Em uma das ocasiões, ele teria dito: “vou deixar você descansar então, vá para casa, você está suspensa”. ☑️ Clique aqui e siga o perfil da TV Centro América no Instagram ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 MT no WhatsApp

FONTE: https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2025/06/28/funcionaria-gravida-que-perdeu-gemeas-em-frigorifico-era-estrangeira-e-ganhava-menos-de-r-2-mil-em-jornada-de-10h.ghtml


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