Funcionário da Prefeitura usa uniforme para entrar na casa da ex e é preso por descumprir medidas protetivas em Montes Claros
06/09/2025
(Foto: Reprodução) Delegacia da Mulher em Montes Claros
Polícia Civil
Um homem usou de sua função na Prefeitura de Montes Claros para conseguir entrar na casa de sua ex-mulher. Segundo a Polícia Civil, ele estava com o uniforme de um órgão de fiscalização do município e falou que iria matá-la. A justiça já havia deferido medidas protetivas em favor da vítima.
De acordo com a chefe da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Karine Maria, a vítima estava no trabalho quando foi avisada por um familiar de que o homem tinha descoberto onde ela estava morando.
Os levantamentos indicam que ele a seguiu, voltou para o local onde mora e retornou à residência dela.
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“Usando uma camisa do trabalho dele, que é de um órgão municipal, onde ele trabalha fazendo fiscalizações, ele teria adentrado à residência inventando que seria para trabalhar num momento em que ela não estava em casa para surpreendê-la na casa.”
Ainda de acordo com a delegada, como o proprietário não sabia quem era ele e nem tinha conhecimento das medidas protetivas, permitiu a entrada dele. Quando foi preso, ele usava o uniforme do serviço.
Após a prisão, a Polícia Civil comunicou à Prefeitura sobre a situação. A Prefeitura de Montes Claros informou que "ainda não foi notificada do ocorrido. Após o conhecimento dos fatos será apurada toda e qualquer responsabilidade, caso se trate de servidor municipal em exercício."
Relacionamento violento
“Eles viveram casados por mais de 20 anos e ele não aceita o fim do relacionamento. Ela preferiu sair da casa [onde moravam juntos], ir para outro lugar, para ter mais segurança. Mesmo assim, ele descobriu onde ela estava e, usando esse uniforme, conseguiu entrar no imóvel para tentar surpreendê-la.”
Para a delegada, usar de seu uniforme de trabalho para conseguir ter acesso à vítimaé um indicativo da “periculosidade” do autor. A intenção do homem, conforme relatado por ele à filha, era assassinar a ex.
“Ele comentou com a filha que iria matá-la, que o objetivo dele era matá-la e ingeriu bebida alcoólica, muitas vezes isso é um encorajador, a bebida não faz a pessoa se tornar agressiva, apenas encoraja alguém que já está com o intuito.”
A delegada destacou ainda que as vítimas que passam por situação de descumprimento de medidas protetivas devem informar isso imediatamente à polícia, já que é possível fazer a detenção do autor em flagrante, evitando a ocorrência de situações mais graves, como o próprio feminicídio. E há uma tendência de que a justiça o mantenha a prisão, por se tratar de uma situação de risco. Nos casos nos quais não exista o flagrante, a Polícia Civil pode ainda representar pela prisão preventiva.
“Esse autor vai ser preso e a gente evitar uma situação pior”, ressaltou.
“Durante todo o casamento, ela sofreu violências de todos os tipos, menos agressão física. Ela viveu um casamento muito violento, com palavras, com comportamentos, manipulações e agressões. Às vezes a mulher fica muitos anos num relacionamento achando que porque não sofre agressão física não tem violência”, disse Karine Maia.
Agora, além de responder pelas agressões que já estavam sendo investigadas, o homem responderá pelo descumprimento de medidas protetivas. De acordo com a delegada, ao ser ouvido, ele confirmou os fatos e disse que a ex está com outra pessoa, o que ele não aceita.
“A gente sabe que muitos homens acham que são donos das mulheres e não aceitam que tenham outros relacionamentos.”
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