Medalhista de ouro na OBMEP não gostava de matemática e superou luto com ajuda da prova: 'Me encantei pela área'

  • 07/07/2025
(Foto: Reprodução)
Com três medalhas da competição, Daniella Machado de Almeida descobriu uma paixão pela disciplina, conquistou oportunidades de estudo e auxílio financeiro, e passou a sonhar com um futuro ligado à matemática. Daniella Machado de Almeida conquistou medalha de ouro na OBMEP de 2024. Arquivo pessoal. Quando participou da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OMBEP) pela primeira vez em 2022, a carioca Daniella Machado de Almeida não imaginava que iria se apaixonar por matemática. Mas, na última segunda-feira (30), ela estava entre os 683 alunos de todo o país que receberam uma medalha de ouro pela 19ª edição da competição. 🔢 A OBMEP é a maior olimpíada científica do país e terá sua 20ª edição em 2025. Criada pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Ministério da Educação (MEC), a competição reúne cerca de 18 milhões de participante todos os anos. Ela é destinada a estudantes do 6º ano do fundamental ao 3º ano do médio, e busca estimular o estudo da matemática e identificar jovens talentos da disciplina. Hoje, aos 15 anos, Daniella celebra três medalhas conquistadas na competição, oportunidades de estudo e auxílio financeiro, e passou a sonhar com um futuro ligado à matemática. Mas, até chegar a este ponto, as coisas não foram fáceis para Daniella — nem na vida, nem na escola, onde sua relação com a matemática não passava de uma obrigação. No 7º ano, eu não via muitas contas de matemática que eram interessantes igual [na OBMEP. A disciplina] Era só mais uma coisa que eu estudava por obrigação, porque precisava da nota, mas não gostava. Ela diz que, apesar de ter visto cartazes anunciando a olimpíada pela escola, só descobriu que participaria da prova no dia da aplicação. Sem preparação alguma, Daniella fez a prova e ficou surpresa ao descobrir que havia passado para a segunda etapa da disputa. A notícia chegou em um momento delicado para a menina. “Meu pai faleceu de câncer um mês antes de eu fazer a primeira fase da OBMEP. [A prova] Foi algo ao que eu consegui me agarrar para superar a perda do meu pai, e que também ajudou minha família no processo do luto”, ela lembra. 📈 A segunda fase Aprovada para a segunda fase, ela buscou se familiarizar com a prova. Pesquisou vídeos, viu provas antigas e estudou como pôde. Como resultado, Daniella garantiu uma medalha de bronze a nível nacional e foi beneficiada com uma vaga no curso de matemática oferecido pela organização da olimpíada, o Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC) "Foi algo incrível. Eu ganhei a medalha em 2022 e comecei a participar do PIC em 2023. Lá, passei a conviver com pessoas iguais a mim, que se encantaram com a matemática." Outro benefício celebrado por Daniella foi o auxílio financeiro atrelado ao programa e disponibilizado para todos os medalhistas nacionais da OBMEP. A bolsa de R$ 300 mensais permitiu que a jovem passasse a ajudar a mãe com as contas de casa e desenvolvesse noções de independência e de responsabilidade financeiras. Mas o principal ganho destacado por ela foi o interesse que descobriu pela matemática após a olimíada. Foi muito interessante ver a matemática de outra maneira. Na OBMEP, as questões despertam curiosidade. É preciso ter raciocínio lógico, saber entender e interpretar a questão, e comecei a me interessar pelo conhecimento teórico que está por trás da questão. 🏅 Mais medalhas, e uma mudança Foi com essa nova mentalidade que Daniella encarou sua segunda participação na olimpíada no ano seguinte e mais uma vez conquistou uma medalha de bronze. "Da segunda vez foi mais difícil porque me mudei para o Rio de Janeiro em 2022, então ainda estava me adaptando à nova escola, o nível da prova também mudou. Por isso, minha família e eu ficamos muito felizes quando passei para a segunda fase e consegui a medalha", ela diz. Em 2024, em sua terceira participação na competição, a carioca ficou entre os melhores colocados e garantiu uma medalha de ouro. Daniella Machado de Almeida e a mãe na cerimônia de entrega das medalhas de ouro da OMBEP 2024. Arquivo pessoal. E após participar de três edições da disputa e conhecer estudantes tão entusiasmados pela matemática quanto ela, Daniella decidiu continuar lapidando sua paixão pela disciplina. Para isso, ela pesquisou e participou do processo seletivo do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) Celso Suckow da Fonseca, no Rio de Janeiro. E não deu outra! A jovem conseguiu uma vaga e atualmente faz o 1º ano do ensino médio atrelado ao curso técnico de informática no CEFET. 🔣 Futuro na matemática Na segunda-feira (30), Daniella participou da cerimônia de premiação da 19ª OBMEP, que aconteceu no Rio de Janeiro, onde recebeu a medalha de ouro por seu desempenho na prova em 2024. Agora, apesar de olhar com carinho para todas as conquistas que coleciona desde que começou a participar da competição, ela planeja as conquistas futuras. Os novos sonhos nada tem a ver com a jovem do 7º ano que não gostava de matemática: Quando penso no meu futuro, sempre me vejo ligada à área de exatas e à matemática. Quando eu terminar o ensino médio, acho que vou cursar Engenharia, Ciências da Computação, ou até mesmo um bacharelado em Matemática. E ela não quer seguir este caminho sozinha: "Eu gostaria que mais estudantes descobrissem a matemática que eu descobri, que [saibam que] não é esse bicho de sete cabeças. A teoria por trás dos cálculos e das fórmulas é muito interessante e estimulante, então espero que mais gente veja isso", conclui. LEIA TAMBÉM: Brasileira que teve a maior nota da turma de Harvard em 2025 largou medicina na USP, onde estudava com a irmã gêmea Bolsista, aluna brasileira fez história: obteve a nota mais alta da turma em Harvard

FONTE: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2025/07/07/medalhista-de-ouro-na-obmep-nao-gostava-de-matematica-e-superou-luto-com-ajuda-da-prova-me-encantei-pela-area.ghtml


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