Polícia conclui investigação e indicia marido e sogra de professora morta envenenada no interior de SP

  • 27/06/2025
(Foto: Reprodução)
Segundo Polícia Civil, Luiz Garnica e Elizabete Arrabaça planejaram a morte de Larissa Rodrigues, em Ribeirão Preto (SP), por interesses financeiros. Eles estão presos desde maio. O médico Luiz Garnica e a mãe, Elizabete Arrabaça Reprodução/EPTV A Polícia Civil indiciou nesta sexta-feira (27) o médico Luiz Garnica e a mãe dele, Elizabete Arrabaça, ambos suspeitos pela morte por envenenamento da professora de pilates Larissa Rodrigues, em março deste ano em Ribeirão Preto (SP). Segundo a polícia, o marido e a sogra da vítima, que estão presos desde maio, agiram por estarem vivendo problemas financeiros. Luiz e Elizabete também são investigados pela morte de Nathália Garnica, irmã e filha deles. Exames periciais apontaram que tanto Larissa quanto Nathália foram mortas por ingestão de "chumbinho", veneno ilegal usado para matar ratos (veja abaixo detalhes). Siga o canal g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp Em uma coletiva de imprensa, os delegados Fernando Bravo e José Carvalho de Araújo Junior informaram que os suspeitos foram indiciados por homicídio doloso qualificado com uso de veneno no crime contra Larissa. Já as investigações da morte de Nathália seguem em andamento. O inquérito policial foi enviado ao Ministério Público (MP), que deve formalizar uma denúncia à Justiça nos próximos dias. "Demos por encerrado o inquérito policial, ele já foi encaminhado para a Justiça. A conclusão que tivemos é de que o Luiz e a Elizabete foram os causadores da morte da Larissa. Nós conseguimos recuperar em um dos telefones os horários do crime. Eles demonstraram várias inconsistências em relação aos depoimentos prestados pelo Luiz. Isso faz com que a gente possa afirmar que ele e a Elizabete concorreram por esse crime", afirmou Bravo. Ao g1, o advogado de Luiz, Júlio Mossin, disse que a inocência do cliente está comprovada no inquérito e que aguarda o relatório final e denúncia à Justiça para apresentar mais provas da inocência. Mossin falou, ainda, que as investigações mostram que Elizabete foi a autora do crime e que espera que Luiz possa responder ao processo em liberdade. A reportagem também pediu um posicionamento ao advogado de Elizabete, Bruno Corrêa, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria. Crime premeditado De acordo com Fernando Bravo, a morte da professora foi premeditada e ocorreu por interesses financeiros, já que as investigações identificaram que os investigados passavam por problemas com dívidas. "Os dois teriam interesses financeiros. É muito evidenciado para a gente, através de trocas de mensagens. Toda a cronologia que o Luiz colocou no computador dele, as provas que ele apresentou, isso ficou bem claro para a gente que o crime foi premeditado. A Larissa já vinha passando mal ao longo da semana. O Luiz, de acordo com relatos de testemunhas, a impediu que procurasse exame médico." O delegado disse que as apurações também indicam que Elizabete, que esteve no apartamento de Larissa na noite anterior à morte, possa ter dado um remédio com veneno à vítima. No início de junho, quando já estava presa, a suspeita escreveu uma carta em que alega isso, mas ressalta que foi algo acidental. Além disso, Luiz, segundo a polícia, criou álibis para não ser relacionado ao crime, como quando, na noite que antecedeu a morte de Larissa, levou a amante ao cinema e pernoitou na casa dela. "No dia da execução dela, do dia 21 para 22, ele fez vários álibis para comprovar que ele não teria nenhuma participação, mas conseguimos ver algumas contradições pelos celulares, principalmente o relato dele aos socorristas falando que ele acreditava ainda que ela estava viva. Isso foi desmentido através de mensagens. Antes de os socorristas chegarem ao apartamento, ele já tinha passado a mensagem para a amante indicando que ela estava morta", destacou Bravo. O médico Luiz Antonio Garnica e amante em cinema de Ribeirão Preto (SP) Reprodução/EPTV O que dizem Luiz e Elizabete? Luiz e Elizabete foram novamente interrogados pela Polícia Civil nesta semana. À época dos crimes, eles já haviam prestado depoimento, mas ainda apenas como testemunhas. Durante os novos interrogatórios, Luiz e Elizabete negaram envolvimento nas mortes. O médico imputou os crimes à mãe, que, por sua vez, alegou acidente e apresentou contradições na hora de prestar os esclarecimentos. No trecho do interrogatório ao qual a EPTV, afiliada da TV Globo, teve acesso, Luiz afirma que a mãe matou a própria filha, Nathália, para ficar com uma herança. O médico também diz acreditar que Elizabete matou Larissa, esposa dele, mas sem detalhar as motivações. Durante os esclarecimentos, que duraram cerca de duas horas, Luiz pontuou que poderia ser a próxima vítima da mãe, também devido a questões patrimoniais e dívidas de Elizabete, que chegavam a R$ 320 mil. "Acredito que, depois de tudo isso, eu seria o próximo, até pela quantia que ela precisava. Se ela teve coragem de matar a própria filha, que morou com ela a vida toda, qual a dificuldade de matar eu também? [...] É muito difícil você pensar que a pessoa que te criou e criou suas irmãs é capaz de fazer uma coisa dessa, tanto com a própria filha ou a sua esposa", afirmou à Polícia Civil. Elizabete Arrabaça, por sua vez, iniciou o interrogatório contando como encontrou a filha morta, segundo o advogado dela, Bruno Corrêa. "Ela esclarece que já estava na casa da filha, porque a filha estaria com dengue, então ela foi lá para ajudar a cuidar da filha. Durante o início da noite, ela ouviu a filha aparentemente engasgando, ela segue até o quarto, e a filha alega que teria engasgado ao tomar água. Então ela [Elizabete] sai e retorna mais à noite, onde a filha já estaria desfalecida", afirma. No início de junho, quando já estava presa, Elizabete escreveu uma carta para afirmar que a nora, Larissa, morreu após tomar um remédio que estava com veneno de rato na noite anterior à morte. De acordo com a suspeita, na carta, nem ela nem Larissa sabiam que o remédio estava com o veneno e que as duas tomaram por estarem com dor no estômago. Além disso, na ocasião, Elizabete chegou a dizer que "a conclusão que cheguei nesses dias é de que Nathália havia colocado o veneno nas cápsulas de omeprazol". No entanto, no interrogatório desta quarta, a suspeita voltou atrás e descartou a possibilidade de a filha ter envenenado os medicamentos. "A Nathália tinha muito tremor. Ela tinha tremor nas duas mãos, eu tenho mais na direita e fraqueza na esquerda. Eu tive dengue na cadeia e pensava: 'será que não tinha alguma coisa nesse remédio da Nathália?'. Mas depois eu pensei bem e falei: 'é impossível isso, não tem cabimento, porque a Nathália não teria condição, pelo tremor dela, de pôr alguma coisa. Foi uma ilusão da minha cabeça", citou. Ao fim do interrogatório, Elizabete pediu que seja concedida prisão domiciliar a ela, pelo fato de enfrentar problemas de saúde. Esse pedido já havia sido feito e negado pela Justiça anteriormente. LEIA TAMBÉM Suspeita de matar nora envenenada também é investigada pela morte da filha em Ribeirão Preto, SP Exame em penitenciária não aponta doença grave em Elizabete Arrabaça, suspeita de envenenar a filha e a nora Professora morta com veneno: sogra presa acumula dívida de R$ 320 mil em financiamentos, diz advogado Irmã de médico suspeito de matar esposa envenenada também morreu após ingerir chumbinho, confirma IML Mortes por envenenamento A professora de pilates Larissa Rodrigues, de 37 anos, foi encontrada morta no apartamento em que vivia com o médico Luiz Antonio Garnica em Ribeirão Preto em 22 de março deste ano. O laudo toxicológico apontou envenenamento pela substância conhecida popularmente como "chumbinho". O exame necroscópico descartou sinais de violência, mas apontou que ela teve lesões no pulmão e no coração, assim como a irmã de Garnica, Nathalia, que morreu aos 42 anos em fevereiro deste ano em Pontal, após um infarto, mesmo não tendo problemas de saúde aparentes. Diante da proximidade das mortes, a Polícia Civil realizou uma exumação e a perícia nos restos morais de Nathalia concluiu que ela também morreu por ingestão de "chumbinho". Elizabete Arrabaça é investigada tanto pela morte de Larissa quanto pela morte da filha, por circunstâncias ainda a serem explicadas. Já o médico Luiz Antonio Garnica é suspeito de participação na morte da esposa. A Polícia Civil e o Ministério Público suspeitam que um pedido de divórcio de Larissa, que pouco tempo antes havia descoberto uma relação extraconjugal do marido, pode ter motivado o crime. A sogra, por sua vez, foi a última pessoa a estar no apartamento da vítima antes da morte da professora. Segundo o promotor Marcus Túlio Nicolino, uma denúncia por feminicídio contra os suspeitos deve ser formalizada à Justiça. Nathália Guarnica e Larissa Rodrigues eram cunhadas e morreram envenenadas em Ribeirão Preto, SP Reprodução/g1 Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região

FONTE: https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2025/06/27/policia-conclui-investigacao-e-indicia-marido-e-sogra-de-professora-morta-envenenada-no-interior-de-sp.ghtml


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